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Exemplos aplicativos

Simulação de um reservatório que atenda à demanda de abastecimento de água para a cidade de Viçosa em 2030


De forma resumida a simulação foi realizada em quatro etapas:

a) Identificação da seção fluvial mais apropriada para construção do reservatório (rio Turvo Sujo);
b) Análise do critério de outorga;
c) Simulação do reservatório (estimativa do volume de armazenamento para garantir a vazão a ser regularizada);
d) Determinação da altura da barragem e da bacia hidráulica de armazenamento.

Dados:

Projeto Simulação de um reservatório
Objetivo Abastecimento de água potável para a cidade de Viçosa em 2030
Empreendedor Prefeitura Municipal de Viçosa - MG
Bacia hidrográfica Rio Doce
Sub-bacia
Rio Turvo Sujo
Coordenadas
20º 45' S e 42º 05' W
Área de drenagem da sub-bacia do rio Turvo Sujo
402 km2
Área de drenagem à montante da seção fluvial de interesse
265,12 km2
Vazão de demanda prevista ano 2030 (SAAE)
400 L/s

Figura 1 - Localização da sub-bacia do rio Turvo Sujo, município de Viçosa-MG
Figura 1 - Localização da sub-bacia do rio Turvo Sujo, município de Viçosa -MG

Solução:

1° Etapa - Identificação do local

A identificação do local com potencial (estreitamento ao longo do rio Turvo Sujo) para construção do reservatório foi realizada com apoio do SIG ArcsGis 9.0 em duas etapas:

a) Geração do modelo digital de elevação (MDE) da bacia; e
b)

 Identificação das seções fluviais com potencial para construção de reservatório.


Figura 6 - Modelo digital de elevação (MDE) da bacia rio Turvo Sujo
Figura 2 - Modelo digital de elevação (MDE) da bacia do rio Turvo Sujo

Figura 7 - Identificação dos locais com potencial para simulação da construção de reservatórios- margens (Buffer) de 50m nas curvas de nível
Figura 3 - Identificação dos locais com potencial para simulação da construção de reservatórios - margens (Buffer) de 50 m nas curvas de nível

Figura 8 - Seções fluviais identificadas ao longo do curso d'água principal com estreitamento ≤ 100m
Figura 4 - Seções fluviais identificadas (nove) ao longo do curso d'água principal com estreitamento menor que 100 m

Figura 9 - Seções fluviais 7e 8 (melhor custo/benefício)
Figura 5 - Seção fluvial selecionada: nº 8 (melhor custo/benefício e menor impacto ambiental).

Figura 5 - Foto da seção fluvial selecionada (no 8)
Figura 6 - Foto da seção fluvial nº 8  no rio Turvo Sujo.

Comentário sobre a vazão máxima possível de ser regularizada:

Em todas as seções fluviais utilizadas na simulação, as suas respectivas bacias de acumulação não permitiram o armazenamento do volume máximo possível de ser regularizado (altura da barragem > 20 m).
 

2° Etapa - Análise do critério de outorga

Comentário

Procedimento de transferência espacial de informação utilizado: “Extrapolação espacial da regionalização hidrológica”. O valor da área de drenagem de interesse (265,16 km2) encontra-se fora do intervalo utilizado na regionalização hidrológica para a bacia do Doce (272 a 78.456 km2).

Como o rio Turvo Sujo  encontra-se inserido no mapa da rede hidrográfica da bacia do rio Doce selecionou-se a opção "Modelos ajustados por curso d'água". Dessa forma obtêm-se com um simples clique com o mouse sobre o rio Turvo Sujo os modelos ajustados das vazões e dos volumes de armazenamento necessários a regularização das vazões: a) vazão máxima possível de ser regularizada, b) vazão residual e c) vazão de demanda a ser regularizada válidos para esse curso d'água. A Figura 7 ilustra o resultado da aplicação desse procedimento. 


Figura 3 -
Figura 7 - Consulta espacial: "Modelos ajustados por curso d'água" válidos para o rio Turvo Sujo, localizado na bacia do rio Piranga/Doce.
Fonte: ATLAS 2010

 

Tabela 1- Modelos selecionados para estimativa das vazões/volumes de regularização

Variáveis hidrológicas Modelos ajustados
 
Vazão média de longo período (m3/s) Qmlp = 0,0180 . ( A)0,9894
Vazão mínima de sete dias e Tr=10(m3/s) Q7,10 = 0,0038 . (A)1,0129
Volume de armazenamento necessário a regularização da vazão máxima possível de ser regularizada (Hm3) Vregmax = 0,2730 . (A)0,9892
Volume de armazenamento necessário a regularização da vazão residual 70% Q7,10 (Hm3) Vregmin = 4,00E-05. (A)1,1250
Modelo da curva regional adimensionalizada para estimativa do volume de regularização (vazão demanda) Radim = 1,26E-09 . (m)5,73


Inserindo o valor da área da sub-bacia (A = 265,16 km2) nos modelos selecionados, encontra-se:

Qmlp 4,50 m3/s
Q7,10 1,08 m3/s
Vregmax 68,14 Hm3
Vregmin 0,02 Hm3

 

Critério de outorga

Demanda: 400 L/s maior que 30% da Q7,10 (324,0 L/s) e  menor que a vazão máxima possível de ser regularizada (70% da Qmlp = 3.150,0 L/s)

Conclusão da análise:

Necessidade de construção de um reservatório para garantir uma vazão regularizada de 400 L/s.


Figura 3 -
Figura 8 - Vista de um reservatório construído objetivando a regularização de vazão para abastecimento de água potável.

3° Etapa: Simulação do reservatório (estimativa do volume de armazenamento para garantir a vazão a ser regularizada de 400 L/s

Solução:

Selecionar o modelo da curva regional adimensionalizada de regularização indicado para a seção fluvial de interesse. Este modelo pode ser extraído da Consulta espacial: "Modelos ajustados por curso d'água" válidos para o rio Turvo Sujo, localizado na bacia do rio Piranga/Doce  (Figura 7), ou extraído da Consulta informativa: "Modelos ajustados nas regiões hidrologicamente homogêneas" da Região I (Figura 9).
 


Figura 3 -
Figura 9 - Modelos das curvas de regularização adimensionalizadas para estimativa do volume de regularização
Fonte: ATLAS 2010


Dados:

Vazão de demanda Qd = 0,40 m3/s
Vazão residual*
70% da Q7,10 = 0,76 m3/s
Vazão a ser regularizada (Qreg = demanda + residual)
0,40 + 0,76 = 1,16 m3/s
Vazão média de longo período
Qmlp = 4,50 m3/s

* legislação ambiental: portaria do IGAM Nº 007/99.


Procedimentos (conforme apresentado na metodologia):

1) Adimensionalizar a vazão a ser regularizada: m = (Qreg / Qmlp). 100

m = (1,16 / 4,50) . 100 → m = 25,78


2) Substituir a vazão adimensional a ser regularizada (m) no modelo da curva regional adimensional (Radim) da Região I (Figura 7 ou Figura 9), cujo modelo apresenta a equação Radim = 1,26E-09 . (m)5,73

Radim = 1,26E-09 . (25,78)5,73 → Radim = 0,15%


3) Estimar o volume de acumulação (Hm3) utilizando a equação: V = 0,3154 . Radim . Qmlp

V = 0,3154 . 0,15 . 4,50 → V = 0,21 Hm3 → V = 210.000 m3


4° Etapa: Determinação da altura da barragem e da bacia hidráulica de armazenamento para a seção fluvial selecionada

Figura 9 - Seções fluviais 7e 8 (melhor custo/benefício)
Figura 10 - Cota versus área de inundação e cota versus volume de acumulação da seção nº 8.

 

Tabela 2 - Dados utilizados  na determinação da altura da barragem e da bacia hidráulica de armazenamento para a seção fluvial  nº 8.
 

Cota Bacia hidráulica de armazenamento*
 (Características topográficas da região)
Volume de acumulação
 (Qreg = 1,16 m3/s Demanda Viçosa - 2030)
Área do espelho de água Volume de acumulação
m m2 m3 (m3)
0 0 0 210.000
1 20.608 19.858
2 52.554 81.360
3 90.873 185.646
3,2 99.150 211.696
3,5 111.906 254.036
*Valores obtidos na equação cota versus área de inundação e cota versus volume de acumulação, gerados com apoio de SIG - MDE.

Conclusão Final:

A bacia hidráulica de armazenamento identificada de acordo com as características topográficas da seção fluvial selecionada (nº 8) apresenta uma cota de 3,2 metros e um volume de acumulação de 211.696 m3.

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Fonte: EUCLYDES (2010g)